terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Overdose - de Belo Horizonte para o mundo!

Na alvorada do metal nacional, impulsionado fortemente pelo show do Kiss em 1982 e pelo grande sucesso do Rock in Rio em 1985, foi criada em Belo Horizonte aquela que viria a ser a maior gravadora underground do Brasil, a Cogumelo. Para o disco de estréia, a gravadora convidou o Overdose, a esta altura com um certo prestígio no cenário metal, mas, que não possuía músicas suficientes para gravar um disco inteiro. A solução foi chamar o Sepultura e o resultado foi o lendário split Século XX (lado A)/Bestial Devastation (lado B), que foi muito bem recebido pelo público e vendeu 15.000 cópias, um estouro para a época.

Fora da Cogumelo por problemas contratuais, a banda resolve produzir o seu próprio trabalho, e o resultado foi o sofrível Conscience (1987), que tinha sérios problemas técnicos e ainda mostrava uma banda imatura, cantando em português coisas bem inocentes como "Enquanto aquela estrela brilhar no azul do céu o Heavy nunca vai parar de rolar".

De volta à Cogumelo, e apresentando o seu novo baterista, André Márcio, então com 14 anos, o Overdose escreveu seu nome no hall da fama das grandes bandas nacionais com o estrondoso álbum You´re Really Big (1989). O guitarrista Claudio David está simplesmente arrasador nesse trabalho, detonando bases marcantes e solos inspiradíssimos, como em Nuclear Winter (que música!). Segundo o site MetalBlazer, o Overdose tocou incansavelmente por todo o Brasil nessa época (inclusive no Teatro Carmélia, em Vitória!). A banda figurou como umas das melhores em várias publicações especializadas do Brasil e recebeu novamente comentários altamente favoráveis em revistas de todo o mundo. A revista inglesa Metal Forces, por exemplo, considerou o Overdose a melhor banda do Brasil musicalmente falando e Cláudio David, disparadamente seu melhor guitarrista. Nessa época o Overdose abriu os shows do Testament no Brasil.

No ano seguinte a banda lançou Addicted to Reality (1990), pra mim, o melhor da carreira dos caras. A banda está tocando muito pesado, mas as melodias fluem de uma forma natural, com Claudio David ainda mais técnico e preciso, auxiliado pelo igualmente preciso baixista Fernando Pazzini, que deixaria a banda após a turnê do Addicted. São desse disco pérolas como Night Child, Pain, Your Way e a fantástica Great Dream, que encerra o álbum.

A banda passaria então por grandes mudanças. Para o lugar de Fernando, que não concordava com o direcionamento thrash que a banda estava adotando, foi chamado Eddie Weber, e um segundo guitarrista foi adicionado, Sergio Cichovicz. Os discos seguintes foram Circus of Death (1992), Progress of Decadence (1994) e Scars (1996) onde a banda mostra um thrash de primeira, abrasileirado, com um jeitão próprio, e até com algumas batucadas. A carreira internacional se tornou uma realidade e a banda realizou muitos shows nos Estados Unidos.

Para quem curte thrash, recomendo fortemente os últimos três discos citados, e para quem curte metal melódico, recomendo o dois anteriores. Para quem curte metal de qualidade, e melhor ainda, made in Belzonte, recomendo todos! Boa diversão!

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