quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Motorocker - Igreja Universal do Reino do Rock (2006)


Fazendo o tradicional trottoir pelos blogs roqueiros da net à procura de novidades, eis que me deparo com o Motorocker, banda de Curitiba que iniciou sua carreira em 1993 fazendo cover do AC/DC. Até aí, nada demais, afinal, quantas bandas cover da famosa banda australiana devem existir? Centenas, talvez milhares!

Mas, como sou chato e tenho espírito de garimpeiro, descobri que, além de levarem muito a sério o lance de imitar os caras (utilizavam um canhão de verdade nos shows!), em 1996, quando o AC/DC veio ao Brasil para a turnê do álbum Ballbreaker, os Motorockers encontraram-se com Brian Johnson e os irmãos Angus e Malcolm Young, que revelaram que havia sido a melhor banda-tributo que eles já haviam ouvido até então.

Não satisfeitos em serem considerados a melhor banda cover de AC/DC do mundo, eles resolveram investir na carreira autoral. Lançaram em 2006 o excelente Igreja Universal do Reino do Rock, que mescla canções cantadas em português com outras cantadas em inglês. Em ambos os casos, a semelhança com AC/DC é absurdamente gritante, principalmente o vocal de Marcelus, que é muitíssimo semelhante ao de Brian Johnson.


Segundo o site Salve a Malária, fã clube oficial da banda, "o disco foi muito bem recebido pelo público brasileiro e pela crítica em geral, sendo destaque em três edições da Rock Brigade, principal revista especilizada em rock’n’roll e heavy metal do país, e ficando em primeiro lugar nas paradas de rádios-rock brasileiras. A voracidade e a energia que envolvem a atmosfera de um show do Motorocker é única, chegando a ser indicado como “Melhor Show do Ano” também pela Revista Rock Brigade, entre várias outras categorias.

O resultado de tudo isso são pequenos milagres. Recentemente a banda fez o show de abertura para os ingleses do DEEP PURPLE e, em destaque, a cessão dos direitos de gravação de “Back in Black” pelos australianos do AC/DC. Quem sempre curtiu MOTOROCKER tocando AC/DC poderá se deliciar com essa obra-prima do rock, agora registrada com todo o cuidado que ela merece."

Só para vocês terem idéia do clima do disco, vejam alguns trechos da faixa que dá nome ao play:

Somos devotos dos prazeres da carne

Costelada, frango assado e churrascão
Muita cerveja pra encher a cara
Se é certo estar feliz então aqui é o lugar

Por que eu preciso aproveitar a vida
Necessito de um lugar que tenha rock, mulher fácil e bebida
Eu vou pra Igreja Universal Do reino do Rock
Igreja Universal Do reino do rock
Igreja Universal do Reino do rock n roll

Rogai por nós ó Deuses do Rock
Mantenham-nos longe da música pop
E que se explodam essas modas do inferno

Estas drogas passam mas o rock é eterno


Seu dízimo? Talvez vamos pegar

Mas só quando a cerveja acabar

Saudações a irmandade de plantão

Mantendo o templo cheio e sem extorsão

Motorocker é formado por Marcelus (vocal), Luciano Pico (guitarra), Thomas Jefferson (guitarra), Silvio Krüger (baixo) e Juan Neto (bateria).

Baixem correndo aqui e convertei-vos logo!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Salário Mínimo - Beijo Fatal (1987)


Nomes de bandas formam um capítulo à parte na História do Rock. Alguns soam naturais depois de repetidos milhares de vezes, como Paralamas do Sucesso e Biquini Cavadão. Mas, se analisarmos bem, são bastante esquisitos.

O nome é uma espécie de cartão de visita de uma banda. Por meio deles deve ser possível pelo menos se ter uma idéia do estilo musical praticado. Querem exemplos? O que vocês esperariam ouvir de uma banda chamada Mukeka di Rato? Metal Melódico? Hard Rock? Claro que não! Hardcore é claro! E de outra chamada Urublues? Death? Grind? Claro que não, Blues! Evidente! [Ambas bandas citadas de fato existem e são bandas capixabas].

Pois bem, mas nem todas as bandas são felizes na escolha do seu nome, e acabam por vezes não despertando a atenção do ouvinte por conta disso. É o caso do Salário Mínimo. À primeira impressão, talvez punk fosse o estilo mais condizente com esse nome, pois sugere crítica social ou algo parecido.

Ledo engano caros leitores! Trata-se de uma banda de heavy metal do início dos anos 80, com fortes cacoetes de Iron Maiden, Saxon, Angel Witch e toda a galera da NWOBHM (não sabe o que é, Mr. Google está aí pra isso mesmo!)

Vencido o bloqueio inicial causado pelo nome, procurei ouvir com calma o som dos caras, e descobri uma banda bastante original, apesar de usarem alguns chavões do metal. Mas, para ser justo, não podemos usar padrões atuais para detonar o trabalho dos caras. A qualidade de gravação é sofrível, a inocência das letras (em português) é latente e a produção como um todo deixa a desejar.

É claro que não dá nem pra comparar com a unha do dedinho do pé de um Dr. Sin, mas, tudo isso pode ser facilmente desconsiderado se compararmos com outros discos feitos na época, e principalmente, se lembrarmos que o Brasil só acordou para o rock and roll em 1985, após o Rock in Rio, e que em 1987 ainda estava engatinhando em termos de produção.

A banda foi formada em 1979, mas foi reconhecida mesmo em 1984, participando da famosa coletânea SP Metal. Beijo Fatal foi lançado em 1987, teve uma boa repercussão vendendo cerca de 80 mil cópias e os destaques são as excelentes Noite do Rock, Dama da Noite, Beijo Fatal, Rosa de Hiroshima (aquela mesma!) e principalmente Anjo da Escuridão, um verdadeiro hino do metal. O disco encerra com a balada (única do play) Sob o Signo de Vênus e fecha com chave de ouro um dos trabalhos pioneiros do estilo em terras tupiniquins.

Ficou curioso? Baixe então aqui uai!