terça-feira, 30 de outubro de 2007

Engenheiros do Hawaii - Várias Variáveis (1991)

O saudosismo bateu geral por aqui. Retornemos ao longínquo ano de 1991.

Alguns dados interessantes para formar um panorama daquele ano:

Além disso, na política tínhamos Fernando Collor de Mello na presidência, inflação, consfisco de poupança pela ministra Zélia (lembram? aquela dos dentes separados...) etc, etc. O disco de vinil, juntamente com a fita cassete ainda eram as principais mídias de gravação. Bem, vamos à música em questão.

Foi nesse contexto que nasceu Várias Variáveis, sexto trabalho dos Engenheiros do Hawaii e a diferença em relação ao seu antecessor, O Papa é Pop, é gritante. Aqui, Humberto Gessinger, Carlos Maltz e Augusto Licks assumem com gosto o formato power trio, mandando ver solos inspirados de guitarra e linhas de baixo brilhantes, como se pode ouvir em Quartos de Hotel e Sampa no Walkman.

Além do instrumental primoroso, algo inusitado entre as bandas que faziam o chamado Brock, havia as letras ácidas e muito bem sacadas (um pouco cabeça, mas tudo bem...) de Humberto, como vemos em O Sonho É Popular, que abre o disco:

a pampa é pop
o país é pobre
é pobre a pampa
(o PIB é pouco)
o povo pena mas não pára
(poesia é um porre)

o poder
o pudor
VÁRIAS VARIÁVEIS
o pão
o peão
GRANA, ENGRENAGENS
a pátria
à flor da pele
pede passagem...PQP

Humberto nunca teve medo de assumir a sua gauchice, mas nesse álbum, levou isso às últimas consequências, com uma série de citações ao Rio Grande, além de algo inusitado, a inclusão da faixa Herdeiro da Pampa Pobre, uma versão bem hard para uma música regional, interpretada originalmente pelo Gaúcho da Fronteira (quem é esse???).

Sala Vip, a terceira faixa, é um desabafo de Humberto, composta nos bastidores do Rock in Rio II. Ouça para entender. Ainda fazem parte desse disco mega-sucessos radiofônicos como Piano Bar, Ando Só e Muros e Grades, além de outras pérolas como Não é Sempre e Museu de Cera.

Várias Variáveis continua atual, e é um daqueles discos para ser saboreado, não apenas ouvido.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Kotipelto - Serenity (2007)

Timo Kotipelto apareceu para o mundo em 1995, ocasião em que foi lançado o quarto álbum do Stratovarius, Fourth Dimension (veja matéria aqui). Daí em diante, a banda começou uma escalada em direção ao topo, chegando até mesmo a ser chamada de sucessora do Iron Maiden ao posto de maior banda de metal do mundo. É claro que naquela época, Blaze Bailey contribuiu com essa história...ehehehe.

O fato é que após o álbum Elements (2003), Timo Tolki, faz-tudo e manda chuva da banda teve seus sérios problemas de saúde ainda mais agravados, dando um tempo na banda e abrindo espaço para a consolidação dos trabalhos paralelos dos outros integrantes.

Serenity é o terceiro trabalho de Kotipelto, que continua fazendo uma linha heavy-hard, bem anos 80 e bem diferenciada da que ele fazia no Stratovarius. Os músicos que participaram desse disco foram Janne Wirman (tecladista do Children Of Bodom), Lauri Porra (baixista-palavrão do Stratovarius), Mirka Rantanen e Tuomas Wainölä (baterista e guitarrista do Thunderstone, respectivamente).

Particularmente, senti falta dos solos alucinados de Michael Romeo (guitarrista do Symphony X) que gravou os dois primeiros álbuns com Kotipelto, apesar de Wainölä ter uma pegada parecida com a de Romeo. Mas, como tudo tem sua compensação, Wirman detona nos teclados e Porra também manda bem (que sobrenome horrível...).

O que mais me incomodava no Stratovarius eram as notas altíssimas que o pobre Kotipelto tinha que alcançar. Além de serem perigosas por causa da afinação, essas notas não favoreciam muito sua voz, tanto que em sua carreira solo, ele opta por um tom médio, muito mais adequado para a sua voz, valorizando sua interpretação.

Waiting for the Dawn (2002) ainda é o trabalho mais inspirado, e, apesar de nenhuma música se destacar na primeira audição, é possível passar minutos agradáveis ouvindo este Serenity do começo ao fim.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Ken Hensley - Blood on the Highway (2007)

De vez em quando, é preciso dar um descanso aos ouvidos. Acredito na máxima que a música que você ouve reflete o seu estado de espírito: em um momento de fúria, nada como um speed metal para chutar tudo, mas, em um momento tranquilo, não dá pra bangear ao som de um brutal black metal. Nesse caso, é melhor ouvir algo mais soft, porém, sem nunca abrir mão da qualidade absoluta, coisa que transborda em Blood on the Highway.


Trata-se de uma ópera rock, na qual Ken Hensley, ex-Uriah Heep, juntamente com o fantástico Jorn Lande, seu companheiro John Lawton e o inoxidável Glenn Hughes, narram a estória de um garoto que sonhava se tornar um astro do rock, e que depois que conseguiu realizar seu sonho, percebeu que o mundo das estrelas é cheio de percalços como drogas, traição, inveja, luxúria, ostracismo, etc.

As músicas transitam entre um hard rock rasgado, principalmente quando Lande assume os vocais, (e não tem como não achar a voz do cara muito parecida com a de David Coverdale do Whitesnake) até um rock bem setentista, sempre com muita melodia, com muito bom gosto, e, claro, muito Hammond!!!!

Revigorante!


terça-feira, 23 de outubro de 2007

Dream Evil - United (2006)

Taí uma bandaça, surgida em 1999, no final da avalanche de bandas de metal melódico da década de 90. Mas aqui vai uma advertência aos amantes do puro metal melódico: os suecos do Dream Evil praticam um misto de power metal com metal melódico!

As músicas desse United empolgam, principalmente por que usam e abusam de refrões grandiosos, sem ser chatos, calcados em uma bateria nervosa, com dois bumbos martelando direto, como é característico do estilo, juntamente com guitarras simples, porém certeiras. Em alguns momentos lembra muito o Gamma Ray, em outros, o Helloween com Deris no vocal, mas sempre com uma pegada rock and roll que muitas bandas de metal não têm.

Não espere encontrar arroubos de criatividade, mas no meio de tanta tralha melódica que apareceu na década de 90, o Dream Evil sem dúvida se destaca, e neste United, quarto álbum da banda, eles acertaram a mão com força, a porradaria ficou certeira, straight through the heart (Dio rules!!!), ehehhehe. Destaque para a faixa Kingdom at War, um verdadeiro hino!!! Putaqueparil que musicaço!!!

Para o meu gosto, ficaria perfeito se os caras trabalhassem um pouco melhor os arranjos de guitarra, mas isso é ranhetice minha, pois o clima que fica no ar é de rock and roll, dá vontade de bangear, e isto é o que importa!!!

Ficou curioso? Baixa aqui ó

http://theblackhorde.blogspot.com/2007/09/dream-evil-united-2007.html


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Alice in Chains - Jar of Flies (1993)

No começo dos anos 90, o mundo da música (e até por que não dizer, o mundo todo!) foi tomado de assalto por um bando de adolescentes mal-trapilhos, de cabelos ensebados, bermudão xadrez, coturno e aparência aborrecida, empunhando guitarras barulhentas e nem sempre afinadas. Esse movimento foi chamado de grunge, e a cidade na qual ele surgiu foi Seattle nos Estados Unidos.

Os apreciadores do rock clássico de Deep Purple, Led Zeppelin, Black Sabbath e congêneres setentistas costumam ter princípios de úlceras gástricas só de ouvir falar em bandas vindas da gélida Seattle, mas, convenhamos, não é bem assim. A razão desse verdadeiro asco que os roqueiros mais conservadores (se é que isso é possível) nutrem pelo grunge se explica em parte pelo fato da quase totalidade dessas bandas não contarem com um bom guitarrista em suas formações, e, consequentemente, as músicas não costumavam ter solos de guitarra, um verdadeiro balaústre (não sabe? olha no google!) do rock clássico.

Vejamos: Nirvana tinha guitarrista? Não me lembro...tinha? Pearl Jam tinha guitarrista? Tinha, e dois!!! Sabiam? É, os caras são até esforçados...

Pois é, talento na guitarra não era muito comum nas formações daquelas bandas...mas, a honrosa exceção é o assunto deste post: o Alice in Chains contava com Jerry Cantrell! O cara mandava muito bem, tinha muita noção do instrumento e mandava solos inspirados, com personalidade.

O grande sucesso da banda foi o disco de estréia, Facelift (1991), graças ao estrondoso hit radiofônico Man in the Box, cantado em uníssono pela galera que lotou o memorável show da banda no Hollywood Rock realizado no Brasil em 1992, mas, gostaria de destacar o terceiro álbum da banda, lançado no final de 1993, e que teve pouca visibilidade na mídia: Jar of Flies.

Na minha modesta opinião, Jar of Flies não só é o melhor disco do Alice in Chains, mas também o melhor disco já lançado por uma banda grunge, exatamente pelo fato deles terem se distanciado do padrão de barulheira e rebeldia sem causa estabelecido pelo Nirvana com o arrasa-quarteirão Nevermind, aquele do bebê nadando atrás de um dólar.

Em Jar of Flies, o Alice Chains nos mostra músicas mais alegres, contrariando o padrão de melancolia característico da banda nos álbuns anteriores. Além disso, são acrescentados violinos (ou violas, desculpem minha ignorância orquestral...) e o disco como um todo tem um clima de acústico, bem intimista. Vale muito a pena! O melhor disco das bandas de Seattle com certeza!

Link: http://rapidshare.de/files/2922359/aicjof.rar.html.

Fonte: utopiafpernas.blogspot.com.