segunda-feira, 17 de março de 2008

Tributos - homenagens merecidas ou grandes jogadas de marketing? (Parte 1)

Houve um tempo em que, na falta de algo novo, as gravadoras resolveram investir em tributos a artistas consagrados que estavam um pouco à margem da mídia especializada. Alguns desses projetos acabaram se revelando grandes caça-níqueis ou grandes jogadas de marketing para alavancar a carreira de artistas deixados no ostracismo (tantos dos homenageados quanto dos homenageadores, como Sebastian Bach, que participou de muitos). Funciona da seguinte forma: reunem-se músicos competentes, mas nem sempre conhecidos, e pronto, basta gravar e colocar no mercado.

Apesar disso, alguns tributos saíram melhor do que encomenda, seja pelo quilate dos músicos envolvidos, seja pelas interpretações bastante singulares para clássicos dos artistas homenageados. Selecionei alguns dos melhores tributos para comentar, que são:



Nativity in Black (1994) - Algumas interpretações presentes nesse álbum se tornaram tão conhecidas quanto as versões originais, como a do Sepultura para Sympton of the Universe e a do Faith No More para War Pigs. Além dessas, também se destacaram Rob Zombie, Type O Negative e Cathedral, interpretando Children of the Grave, Black Sabbath e Solitude, respectivamente. Um discaço e, ao mesmo tempo, uma grande jogada da Sony Music, que trouxe o Sabbath de volta à mídia e apressou a Reunion, ocorrida em 1996. Houve uma segunda parte para esse tributo, mas não tão relevante quanto a primeira.




Working Man
(1996) - Participar de um tributo ao Rush exige extrema responsabilidade e competência técnica, afinal, estamos falando de exímios músicos (Alex nem tanto, mas tem estilo). Foi pensando assim que a gravadora Magna Carta resolveu não brincar em serviço e contratou Mike Portnoy (Dream Theater) para produzir o disco, e ele reuniu uma turma da pesada. São eles: Sebastian Bach, Jake E. Lee, Billy Sheehan, James LaBrie, Jack Russel, Michael Romeo, Mike Baker, Steve Morse, James Murphy, Eric Martin, Mark Slaughter, George Lynch, Deen Castronovo, Stuart Hamm, Jonh Petrucci, Joey Vera e Carl Cadden-James (Shadow Gallery).




Dragon Attack
(1996) - Uma grande reunião de estrelas. Assim poderia ser descrito esse tributo, mas, também poderia ser descrito como uma homenagem à música do Queen em grande estilo, como de fato, a banda merece. Aqui, em cada faixa temos um time diferente. Entre os guitarristas temos Yngwie Malmsteen, Jake E. Lee, John Petrucci, Bruce Kulick, Chris Impellitteri, Marty Friedman e Ted Nugent. Nos vocais aparecem James La Brie, Lemmy Kilmister, Jeff Scott Soto, Paul Shortino, Glenn Hughes e Mark Boals. No baixo temos Tony Franklin, Rudy Sarzo e Joey Vera e, na bateria, estrelas como Tommy Aldridge, Carmine Appice e Eric Singer.



Thunderbolt (1997) - Performances matadoras e envenenadas (se é que é possível envenenar mais) de clássicos da banda australiana liderada por Angus Young. Participaram estrelas como Kevin DuBrow (R.I.P.), Carlos Cavazo, Rudy Sarzo, Frankie Banali, Sebastian Bach (arroz de festa), Joe Lynn Turner, Jeff Pilson, Simon Wright, Dee Snider, Billy Sheehan, Pat Torpey, Tony Franklin, Jake E. Lee e Lemy Kilmister, só para citar os principais.




Legends of Metal (1997/1998) - A gravadora Century Media acertou em cheio no cast recrutado para o tributo ao Judas. O vol. 1 é bom, por que a música do Judas Priest ajuda bastante, mas, prefiro o vol. 2, no qual destaco: Iced Earth - The Reaper, Blind Guardian - Beyond the Realms of Death, Gamma Ray - Exciter, Angra - Painkiller, Kreator - Grinder, Skyclad - Dreamer Deceiver e Leviathan - Night Comes Down.





Catch the Rainbow (1999) - Produzido por Uli Kusch (ex-Helloween, ex-Master Plan), esse disco traz músicos de bandas alemãs como Helloween, Gamma Ray, Grave Digger e Primal Fear, interpretando os grandes clássicos de todas as fases do Rainbow, a primeira com Dio, a segunda com Bonnet e a última com Joe Lynn Turner nos vocais. Belo repertório!





Holy Dio (1999) - Foi louvável a iniciativa da Century Media prestar esse tributo ao grande Ronnie James Dio e seus serviços prestados ao rock and roll durante sua passagem por bandas como Rainbow, Black Sabbath e Dio, justamente no momento em que sua carreira estava passando por grandes dificuldades. Depois desse tributo, Ronnie retomou o estilo do passado que o consagrou (veja matéria aqui). A garra que as bandas colocaram em suas faixas torna esse tributo especial, digno de nota 10. Confira as performances matadoras de Blind Guardian, Primal Fear, Doro, Fates Warning, Gamma Ray, Jag Panzer, Yngwie Malmsteen, Grave Digger, Hammerfall, Stratovarius e Alex Rudi Pell, entre outros.

Confira também uma página exclusiva sobre tributos relacionados a Ronnie James Dio (13 no total) aqui.




Bat Head Soup (2000) - Para se fazer um tributo a artistas lendários como Ozzy Osbourne, é preciso ter muito cuidado e também contar com um time muito competente para realizar o trabalho, afinal, Ozzy sempre trabalhou com a mais seleta nata de músicos. Pois é exatamente isso que você vai encontrar aqui. Sente só: Tim "Ripper" Owens, Yngwie Malmsteen, Tommy Aldridge, Derek Sherinian, Mark Slaughter, Brad Gillis, Eric Singer, Lemmy Kilmister, Ritchie Kotzen, Tony Franklin, Dee Snider, Doug Aldrich, Tony Levin, Jason Bonham, Joe Lynn Turner, Steve Lukather, Jeff Scott Soto, Bruce Kulick, Pat Torpey, Paul Gilbert, Scott Travis, George Lynch, Stu Hamm, Gregg Bissonette, Reb Beach e Jeff Pilson. Ufa!





Tribute to Van Halen
(2000) - Joe Lynn Turner e Jeff Scott Soto roubam a cena, incorporarando o espírito do Van Halen nos tempos de David Lee Roth. Lynn Turner canta Dance The Night Away acompanhado por Reb Beach, Marco Mendoza e Gregg Bissonette, enquanto Soto canta So This Is Love ao lado de Blues Saraceno, Tony Franklin e Eric Singer. Outros músicos que participaram foram Dweezil Zappa, Mark Slaughter, Doug Aldrich, Yngwie Malmsteen, Billy Sheehan, George Lynch, Bruce Kulick e muitos outros. O disco foi muito bem produzido por Kulick e a única ressalva é que boas músicas ficaram de fora por que decidiu-se fazer apenas as da era David Lee Roth.





The Keepers of Jericho
(2000/2003) - Depois do boom de bandas de metal melódico de meados dos anos 90, nada melhor do que prestar um tributo para a mãe de todas elas, o Helloween. Divido em duas partes, a primeira saiu em 2000 e contou com Rhapsody, Sonata Artica, Heavens Gate, Metalium, Vision Divine, Labirynth, Dark Moor, Secret Sphere, entre outros. A segunda parte saiu em 2003 e o time escalado para a continuação foi basicamente o mesmo, com o acréscimo de Iron Savior e Steel Attack. Grandes álbuns, músicas bem selecionadas e com grandes performances.



A Tribute to the Scorpions (2001) - Este aqui é especial por que não foi forjado, isto é, a gravadora Nuclear Blast apenas reuniu as gravações que já haviam sido feitas pelos artistas do seu cast. O resultado? Fora de série! Interpretações que merecem destaque: He´s a Woman She´s a Man (Helloween), Rock You Like a Hurricane (Sinergy), Still Loving You (Sonata Artica), Blackout (Stratovarius) e Don´t Stop at the Top (Children of Bodom).




Twisted Forever (2001) -Belo tributo a Dee Snider & Cia, que estavam um pouco esquecidos. Motorhead, Anthrax, Overkill, Sebastian Bach, Hammerfall, Cradle of Filth entre outros participaram do projeto. Destaque absoluto para Shoot ´Em Down na voz de Lemmy, impossível ficar indiferente. Excelente disco que mostra que a força das músicas das Sisters não diminuiu com o tempo.




A Tribute to the Beast
(2002) - O Iron Maiden é sem dúvida a banda campeã em tributos. Alguns chegam a ser sofríveis, com gravações muito ruins, enquanto outros são verdadeiras fraudes, utilizando nomes de artistas que não fizeram parte da homenagem. Embalada pelo sucesso do tributo ao Scorpions lançado no ano anterior, a Nuclear Blast repetiu a fórmula com o Iron Maiden, reunindo gravações dos artistas do seu cast e novamente, obteve um resultado final muito bom. Destaques para as faixas Hallowed Be Thy Name (Cradle of Filth), Running Free (Grave Digger) e Children of the Damned (Therion), além de outras. Posteriormente, foi lançado A Tribute to the Beast vol. 2, mas com um cast inferior ao deste qui.




Pigs and Pyramids (2002) - Configura-se tarefa ingrata prestar um tributo a certas bandas como o Pink Floyd, que tem uma carreira extensa e bastante diversificada. A primeira fase, com Syd Barret é extremamente psicodélica, enquanto a segunda, quando Waters toma a frente, é a mais pirada (como ele). A terceira, quando Waters sai e Gilmour assume os vocais, é mais light e mais comercial. Esse tributo, infelizmente, só contempla músicas da segunda fase e por isso, mostra apenas uma faceta da banda. Os músicos que participaram foram: Greg Bissonette, Derek Sherinian, Billy Sherwood, Chris Squire, Alan White, Steve Lukather, Marco Mendoza, Vinnie Colaiuta, Jeff Scot Soto, Pat Torpey, Glenn Hughes, Tony Franklin, Aynsley Dunbar, Dweezil Zappa, Tony Kaye, Ritchie Kotzen, Tony Levin, Bob Kulick & Bruce Kulick, e Eric Singer.





Spin the Bottle
(2004) - Este é sem dúvida, um grande tributo. A começar pela banda em questão, o Kiss. Depois, pelo time escalado, que contou com grandes vocalistas como Dee Snider, Mark Slaughter, Kip Winger, Tommy Shaw, Lemmy Kilmister, entre outros, e, finalmente, pela capa, muito interessante. Ficou com vontade de ouvir?





A Tribute to Accept (2006) - Mais um capítulo da série de tributos lançados pela Nuclear Blast. Desta vez, os homenageados sãos os alemães do Accept. Os artistas que participaram desse tributo foram Hammerfall, Primal Fear, Grave Digger, Metalium, Dimmu Borgir, entre outros. Também foi lançado o vol 2, igualmente bom.




Butchering the Beatles (2006) - São tributos como esses que nos fazem pensar sobre a grandeza e o peso da influência de bandas como os Beatles. É incrível como essas canções não envelheceram, muito pelo contrário, tornaram-se bastante atuais com a nova roupagem dada pelos músicos convidados. Destaques para Hey Bulldog com Alice Cooper, Steve Vai, Duff McKagen e Mikkey Dee; Back In The USSR com Lemmy Kilmister, John 5 e Eric Singer; Lucy In The Sky With Diamonds com Geoff Tate, Michael Wilton, Craig Goldy, Rudy Sarzo, Simon Wright and Scott Warren; Magical Mystery Tour com Yngwie Malmsteen; Day Tripper com Jack Blades eTommy Shaw (Damn Yankees) e Hey Jude com Tim "Ripper" Owens, sensacional, mas pensei que era o Halford, uahuahua.




Para mais informações sobre esses e outros tributos, dê uma olhada aqui , ou aqui, se quiser baixar os inúmeros tributos ao iron já lançados. To be continued...

4 comentários:

[>Dallai<] disse...

Alguns tributos saem até melhor do que os originais, é bem verdade. Eu conheço e tenho a maioria desses aí e recomendo...
Agora... Menosprezar Alex Lifeson... Fala sério, hein?

Geraldo disse...

Rush fans around the world, forgive me! (Fãs do Rush do mundo todo, me perdoem!)

I didn´t mean that Alex doesn´t have talent. (Eu não quis dizer que Alex não tem talento)

I love Rush and they are my religion. (Eu amo o Rush e eles são minha religão)

So, all i have to say is: forgive me father! (Então, tudo o que tenho a dizer é: perdoe-me meu Deus!)

Serbão disse...

poxa, o post tá legal mas vc foi injusto com o Lifeson. o Alex é eximio guitarrista sim. só que além dele não ser nem um pouco estrela, e sim muito discreto, a concorrencia é muito maior pra guitarristas do que para baixistas e bateristas - e tem que levar em consideração que nessa posição o maior de todos é o Peart.
se vc analisar o trabalho do Alex, é muito complexo. o cara faz uns arranjos de guitarra ali que não são brincadeira.
um abraço.

Geraldo disse...

Você tem razão. Alex é um grande guitarrista sim, faz uns arranjos realmente complexos e ao mesmo tempo geniais. O que quis dizer, e não fui feliz, é que dos três, o "menos difícil" de ser imitado (ou coverizado) é Alex.