quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Dio - Discografia comentada

Quando Ronnie James Dio deixou o Black Sabbath em 1982, já estava divulgando seu primeiro trabalho como artista solo, que foi lançado em 1983. Para essa nova empreitada, arrastou Vinnie Appice (que estava no Sabbath), Jimmy Bain (companheiro da época do Rainbow), Claude Schnell (teclados) e um moleque até então desconhecido chamado Vivian Campbell (guitarras). A escolha não poderia ter sido melhor, e essa formação gravaria os dois melhores trabalhos de Dio, os irretocáveis Holy Diver e Last in Line.

Por onde passou, Ronnie James Dio não apenas cantava, mas escrevia a maioria das letras e criava todas as melodias vocais. Na década de 70, quando estava no Rainbow, as letras falavam sobre misticismo, magia ou simplesmente exaltavam o seu amor pelo rock and roll. No início da década de 80, quando estava no Black Sabbath, além desses temas, passou também a falar sobre cavaleiros, dragões, reis e rainhas, mas, sempre sobre a supervisão de grandes figuras como Blackmore e Iomi. Mas, cantar e escrever as letras não era o suficiente, e uma carreira solo seria inevitável, assim como a produção de seus próprios discos. Livre de interferências externas, ele optou por um rock mais pesado e mais rápido e foi ainda mais fundo nos temas mísiticos, mas nunca esquecendo o rock and roll e o caçula da família, o heavy metal. Os anos 80 seriam o auge de sua carreira.

A década de 90, ao contrário, acabou se revelando a idade das trevas da carreira solo de Ronnie James Dio. Coincidentemente ou não, o diabão não apareceu na capa de nenhum disco dessa época e os mesmos ficaram bem espaçados, com intervalos de até quatro anos. O único disco que realmente vale a pena ser ouvido desta época ele gravou com o Black Sabbath em 1992, o inoxidável Dehumanizer, uma porrada sonora na orelha! Mas, como este post trata da carreira solo do cara, vamos continuar seguindo este propósito.

No século XXI, para alegria dos antigos fãs, a inspiração parece ter retornado e discos muito bons foram lançados, uma espécie de revival dos gloriosos anos 80. Vamos à discografia!


Holy Diver (1983)
Um disco forte e completo. Começa com a eletrizante Stand Up and Shout, depois com a clássica faixa título e sua levada cadenciada e pesadona, passando pela poderosa Don´t Talk to Strangers e até pela comercial Rainbow in the Dark. Dio está solto, suas composições estão perfeitas e os anos de experiência fizeram muita diferença em sua voz, que está matadora. Destaco igualmente a performance de Vivian Campbell, fazendo bases marcantes, ganchudas e solos a mil por hora, no clima! Arrasador! Nota: 9,5.



The Last in Line
(1984)
Depois de um excepcional disco de estréia, fica sempre a expectativa: será que o segundo será tão bom quanto o primeiro? Na grande maioria das vezes, ficamos decepcionados, pois parece que a energia dos estreantes acaba se perdendo. Mas, como toda regra tem exceção, eis um segundo disco que é ainda melhor que o primeiro!
É impossível não ouvir este disco do começo ao fim, pois todas as faixas são verdadeiros clássicos metálicos: o hino We Rock, a grandiosa The Last in Line, a animada Breathless, a eletrizante Speed at Night , a empolgante One Night in the City, a contagiante Evil Eyes, a comercial Mystery, a forte Eat Your Heart Out e a épica Egypt (The Chains Are On) .
O line-up está ainda mais entrosado e Vivian está ainda mais destruidor! Clássico para a eternidade! Nota: 10,0.



Sacred Heart (1985)
Em 1985, Ronnie James Dio esteve envolvido com o projeto Hear N´Aid, que reuniu vários artitstas do mundo do rock com o objetivo de levantar fundos para as vítimas da fome na África. O reflexo desse ligeiro abandono foi um disco morno, se comparado a The Last in Line. Porém, se você escutá-lo isoladamente, sem comparações, é um excelente disco, um pouco mais comercial (ouça Rock and Roll Children e Hungry For Heaven), mas ainda muito forte (ouça King of Rock and Roll e a faixa título). Os shows desta turnê foram muito grandiosos, com muitos lasers (novidade na época!) e dragões mecânicos gigantes que cuspiam muita fumaça e com os quais Dio lutava empunhando sua espada. Nota: 9,0.



Intermiss
ion (1986)

Vivian Campbell decidiu deixar a banda em plena turnê do álbum Sacred Heart, e para o seu lugar, Dio trouxe Craig Goldie, ex-Driver, Rough Cutt e Giuffria. Para ganhar tempo e compor novas canções, foi lançado este álbum com uma faixa inédita, Time to Burn e seis faixas ao vivo.
Não acrescenta nada de muito novo, mas, pela vale pela energia! Nota: 8,0.



Dream Evil (1987)
Craig Goldie faz sua estréia em estúdio e se sai muito bem na difícil tarefa de substituir Vivian Campbell. Dio não deixa a bola cair, compondo mais músicas de qualidade, como a faixa título, Night People, Overlove, Naked in the Rain e a belíssima semi-balada All the Fools Sailed Away. Os temas épicos de dragões-magos-espadas-e-rosas agora dividem espaço com assuntos mais pé-no-chão, como o relacionamento entre duas pessoas. A música continua muito boa, pesada quando deve ser pesada, e emotiva quando deve ser emotiva, como em I Could Have Been a Dreamer, que tem um forte apelo comercial, afinal de contas, o cara precisava pagar as contas né? Nota: 9,0.



Lock Up the Wolves (1990)
Depois de gloriosos dias com o Rainbow e Black Sabbath, somados a oito anos de carreira solo, Dio acumulou um currículo invejável: 15 anos de sucesso e 12 discos lançados, sendo que alguns fazem parte de qualquer lista dos 100 melhores de todos os tempos. Pode-se dizer até que todos esses discos são, no mínimo, muito bons.
O primeiro passo ladeira abaixo da carreira foi este Lock Up the Wolves. Depois de uma debandada geral da sua banda, Dio precisou se reiventar, e para isso, chamou Rowan Robertson (guitarra), Teddy Cook (baixo), Jens Johansson (teclados) e Simon Wright (bateria).
Tudo mudou. A indumentária, que deixou o couro de lado e colocou o jeans rasgado no lugar, as letras, um tanto superficiais, e, principalmente, a música, um hard rock meio forçado, pois essa definitivamente não é a praia de Ronnie James Dio. Um disco fraco. Nota: 6,0.



Strange Highways (1993)
Pela primeira vez, a voz de R. J. Dio demonstrou sinais de cansaço, e algumas notas mais altas ficaram difíceis de serem alcançadas. A banda foi toda mudada novamente: Vinnie Appice reassumiu as baquetas, Jeff Pilson o baixo e Tracy G. assumiu as guitarras e foi, sem dúvida, a primeira vez que Ronnie errou na escolha do guitarrista. O cara não fazia solos e parecia bastante limitado tecnicamente falando. As músicas estão excessivamente pesadas e arrastadas, os instrumentos estão com uma afinação baixa, descaracterizando completamente o som que consagrou Dio. Uma lástima. Nota: 4,0.


Angry Machines (1996)
As composições melhoraram um pouco neste trabalho, mas o som continuou muito arrastado e a voz de Ronnie continuou demonstrando sinais de desgaste. As músicas carecem de refrão e as melodias vocais de inspiração, e o mais impressionante, o tal Tracy G. não aprendeu nada desde o álbum anterior e não faz um solo sequer! Os destaques vão para as medianas Don´t Tell the Kids, Black, Hunter of the Heart, Stay Out of My Mind e a balada This Is Your Life. Quase quatro anos após Strange Highways, o inferno astral parecia continuar pairando sobre a carreira de Ronnie. Um disco bem fraquinho. Nota: 5,0.



Inferno: Last in Live (1998)
Para acabar com a urucubaca, desenterrar a cabeça de burro e jogar muito sal grosso em cima, Ronnie (ou a gravadora) resolveu terminar a década negra com esse Last in Live, uma verdadeira aberração. O tal Tracy G. conseguiu destruir todos os clássicos da carreira do seu patrão, e assinou sua demissão, mais do que merecida e com 6 anos de atraso! O título talvez seja uma alusão ao sentimento de Ronnie naquele momento: que inferno, este é o último ao vivo ! Fraco com força! Nota: 3,o.


Magica (2000)
Um novo sopro de vida sobre o trabalho de R. J. Dio. Um disco conceitual sci-fi que marca o retorno de Jimmy Bain e Craig Goldie à banda, e como é bom ouvir um solo de guitarra novamente, depois de uma década! Para a bateria foi chamado Simon Wright.
Apesar de apresentarem refrão, as músicas ainda estão meio arrastadas, mas desta vez, Ronnie soube adequar as melodias vocais à sua nova condição vocal, afinal meu amigo, àquela época, o cara já estava com 58 anos! Nota: 7,5.



Killing the Dragon (2002)
O dragão de volta já era um bom presságio e mais uma reformulação na banda, que agora contava com Simon Wright (bateria), Jimmy Bain (baixo), Doug Aldrich (guitarra) e Scott Warren (teclados). Representou uma bela evolução em relação ao álbum anterior e se aproximou ainda mais do estilo da banda nos anos 80. Destaques para a faixa e título, Push e Rock and Roll, inspirada nos no ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, algo do tipo nós temos o rock and roll e isso não pode ser tirado de nós... Nota: 8,0.



Evil or Divine (2003)
Aproveitando a boa fase, Ronnie resolve registrar um show da turnê de Killing the Dragon, lançando também a versão em Dvd. Decisão muito acertada, pois ele está cantando como nunca e sua banda, a mesma que gravou o álbum anterior está muito afiada, quicando nos cascos! Doug Aldrich (ex-Whitesnake) é um exímio guitarrista e se encaixou muito bem na banda, executando os solos de Vivian Campbell com extrema facilidade.
Com apenas duas músicas do álbum mais recente, as eletrizantes Killing the Dragon e Push, Dio presenteia os fãs com uma verdadeira seleção best of de sua carreira, desde a inoxidável Stand Up and Shout (do Holy Diver), passando pelas clássicas We Rock (do Last in Line) , incluindo ainda coisas mais recentes como Fever Dreams e Lord of the Last Day (do Magica) e até mesmo Man on The Silver Mountain e Long Live Rock and Roll, do Rainbow e Heaven and Hell, do Black Sabbath. E a performance do cara aos 61 anos? Como o próprio Iomi comentou recentemente: ele sobe no palco e detona toda noite! Um álbum revigorante! Nota: 9,0.



Master of the Moon (2004)
Embalado por bons ventos e vivendo agora o renascimento da sua carreira, Ronnie consegue manter o nível de Killing the Dragon neste ótimo álbum, trazendo de volta Craig Goldie e Jeff Pilson. Não se pode comparar com os gloriosos Holy Diver e The Last in Line, mas é digno de uma audição cuidadosa. Nota: 8,5.



Holy Diver Live (2006)
A banda é a mesma que gravou Evil or Divine, com exceção de Jimmy Bain que foi substituído pelo competente e bem rodado, no bom sentido, Rudy Sarzo. A emoção e a energia é também praticamente a mesma, com o detalhe de que neste álbum, que também teve sua versão lançada em Dvd, são executadas todas as músicas de Holy Diver, na sequência, uma atrás da outra. Cardíacos que se cuidem! Nota: 9,0.

3 comentários:

Anônimo disse...

Através do convite do Ulires do ZiunaNet vim conhecer seu Blog!!!

Gostei muito!!! Super legal!!!
Vou indicar para o pessoal da Rádio em que trabalho!!!

Abraços :)

♠ AZ de Espadas ♠ disse...

cara mto bom esse seu post
parabens
eu vou postar alguns álbuns do Dio no meu blog, queria saber se posso usar alguns de seus comentários sobre os álbuns lá [claro que vou dizer a fonte dos comentários nas postagens]

http://rockandrolldownload.blogspot.com/

Geraldo disse...

Pode usar sim AZ de Espadas...eu cobro só 50 dólares por citação, rsrsrs. Brincadeira, obrigado por visitar o blog.