Contar a história do Rainbow é contar uma bela parte da história do Rock and Roll. Por essa banda passaram tantos músicos importantes, que a sua trajetória perpassa várias trajetórias de outras bandas, igualmente importantes. O temperamento difícil de Ritchie Blackmore não é lenda e apenas dois discos de estúdio consecutivos do Rainbow contaram com a mesma formação. Mas, ao contrário do que muitos pensam, isso não é ruim, por que Ritchie era um insatisfeito por natureza, obcecado pela perfeição, sempre buscando superação.
Em 1975, recém saído do Deep Purple, Ritchie Blackmore arrematou todos os músicos de uma banda novaiorquina recém desfeita chamada Elf, menos o guitarrista David Feinstein, e entrou em estúdio para gravar o seu primeiro álbum longe do Roxo Profundo (essa doeu até em mim...) O trabalho em questão, para aproveitar a popularidade de Ritchie, foi chamado apenas de Ritchie Blackmore´s Rainbow e apresenta os primeiros clássicos da banda, como Man On The Silver Mountain, 16th Century Greensleeves, Temple of the King, Catch the Rainbow e Still I´m Sad.
Ritchie Blackmore´s Rainbow (1975)
Ritchie Blackmore – guitarras
Ronnie James Dio – voz
Craig Gruber – baixo
Gary Driscoll - bateria
Mickey Lee Soule – teclados
Descontente com a sonoridade do primeiro álbum, Ritchie demitiu TODOS os integrantes, mantendo apenas Dio, e juntamente com ele, criou um dos maiores clássicos da história do rock and roll, o absolutamente incontestável Rising. A popularidade deste álbum foi tão grande que em 1981 a revista Kerrang! realizou uma pesquisa com seus leitores e ele foi eleito o melhor disco de heavy metal de todos os tempos (até aquela data, é claro). E não é para menos, pois nele estão Tarot Woman, Stargazer e Light in the Black, clássicos imortais.
Rising (1976)
Ritchie Blackmore – guitarras
Ronnie James Dio – voz
Jimmy Bain – baixo
Cozy Powell – bateria
Tony Carey – teclados
No ano seguinte, lançaram On Stage, seu primeiro álbum ao vivo, contendo versões super alongadas, com solos magistrais de mr. Ricardinho Mais Preto e uma prévia do que viria no ano seguinte, com a inclusão da faixa inédita Kill the King.
On Stage (1977)
Ritchie Blackmore – guitarras
Ronnie James Dio – voz
Jimmy Bain – baixo
Cozy Powell – bateria
Tony Carey – teclados
Mais uma vez, Blackmore decide fazer uma faxina na banda demitindo Jimmy Bain (que trabalharia com Dio anos depois) e Tony Carey. Para o lugar de Bain ele trouxe Bob Daisley (que trabalharia com Ozzy nos anos 80) enquanto que para o lugar de Carey, trouxe David Stone (esse sumiu depois, alguém sabe o paradeiro dele? eheehehe). Long Live Rock and Roll, a faixa, mostra um lado mais comercial e festeiro da banda, enquanto que o disco, ainda tem a mesma pegada roqueira, presentes nas memoráveis Kill the King, Gates of Babylon e Rainbow Eyes.
Long Live Rock and Roll (1978)
Ritchie Blackmore – guitarras
Ronnie James Dio – voz
Bob Daisley – baixo
Cozy Powell – bateria
David Stone – teclados
Agora a crise era realmente muito séria. Enquanto Blackmore estava empolgado com o sucesso comercial de Long Live Rock and Roll, Ronnie James Dio começava a se sentir um pouco frustrado por ficar na sombra do guitarrista, além do direcionamento hard rock que estava se desenhando no horizonte da banda, do qual ele discordava. Em 1979, com a saída definitiva de Ozzy do Black Sabbath, Dio recebeu um convite duplamente irrecusável, pela sua situação no Rainbow e pela chance de ser frontman da banda de Mr. Tony "riffmaker" Iomi!
Blackmore não perdeu tempo. Reformulou a banda mais uma vez, mantendo apenas Cozy Powell (que tocaria no Sabbath anos depois). Chamou Graham Bonnett para os vocais, Don Airey (que tocaria com Ozzy anos depois e que hoje substitui Jon Lord no Purple) e o ex-colega de Deep Purple Roger Glover. Gravou Down to Earth, mudando completamente o som da banda, trocando os temas místicos e épicos por temas ( teoricamente) mais comerciais. Apesar de ter boas músicas, como Lost in Hollywood e Since You´ve Been Gone, o disco vendeu bem menos que o anterior e não atingiu o sucesso comercial pretendido por Ritchie.
Down to Earth (1979)
Ritchie Blackmore – guitarras
Graham Bonnett – voz
Roger Glover – baixo
Cozy Powell – bateria
Don Airey -teclados
Insatisfeito com a performance de Bonnett no palco, Blackmore buscava um frontman mais carismático, e o encontrou na pessoa de Joe Lynn Turner. Pra não perder o costume, demitiu o baterista juntamente com o vocalista. O novo trabalho chamava-se Difficult to Cure e desta vez, Blackmore & Cia conseguiram recuperar um pouco do prestígio perdido, graças, em grande parte, ao carisma de Lynn Turner, e, logicamente, à sua interpretação para o hit I Surrender e Spotlight Kid.
Difficult To Cure (1981)
Ritchie Blackmore – guitarras
Joe Lynn Turner – voz
Roger Glover – baixo
Bobby Rondinelli – bateria
Don Airey -teclados
Agora a situação parecia estável. Pela primeira vez, desde 1975, a banda gravaria dois discos consecutivos com a mesmíssima formação. O resultado dessa estabilidade foi Straight Between the Eyes, que contava com boas canções como Death Alley Driver, as baladas Stone Cold e Tearin´Out My Heart.
Straight Between the Eyes (1982)
Ritchie Blackmore – guitarras
Joe Lynn Turner – voz
Roger Glover – baixo
Bobby Rondinelli – bateria
Don Airey -teclados
Em mais uma tentativa de encontrar o seu som, Blackmore demite Rondinelli e Airey, mas, o canto do cisne da banda, inevitavelmente, seria o álbum Bent Out of Shape. Aceitando o fato de que os melhores dias da banda ficaram no passado, Blackmore decide voltar ao Deep Purple, que estava preparando a sua volta com a formação original Gillan-Glover-Paice-Lord-Blackmore.
Bent Out of Shape (1983)
Ritchie Blackmore – guitarras
Joe Lynn Turner – voz
Roger Glover – baixo
Chuck Burgi – bateria
David Rosenthal -teclados
Algum tempo depois do fim da banda, Roger Glover resolveu lançar Finyl Vinyl, um disco (comemorativo talvez?) contendo versões ao vivo de músicas de todas as fases da banda, incluindo 3 inéditas com Joe Lynn Turner.
Finyl Vinyl (1986)
Mas, esta história ainda teria mais um capítulo. Brigando com tudo e com todos, como é usual, Blackmore deixa o Deep Purple, em plena turnê Come Hell or High Water (ele foi substituído provisoriamente por Joe Satriani), e decide reviver os dias de glória do Rainbow.
Um belo disco com faixas revigorantes foi lançado em 1994, Stranger in Us All, seguido de uma turnê em 1995. Merecem destaque as excelentes Wolf to the Moon, Stand and Fight, Hall of the Mountain King, Black Masquerade, Too Late For Tears e Still I´m Sad, que originalmente foi gravada apenas instrumental . Reza a lenda que Dio se atrasou para as gravações, e Blackmore, muito contente com a situação, ahueihaiehi, decidiu fazer apenas instrumental.
Stranger in Us All (1994)
Ritchie Blackmore – guitarras
Doogie White – voz
Greg Smith – baixo
John O'Reilly – bateria
Paul Morris – teclados
No ano passado, os caras resolveram nos agraciar com um grande presente. Foi lançado um disco e um dvd de uma apresentação gravada em 1977, na mesma turnê do álbum On Stage, porém, com uma das formações mais festejadas do Rainbow, a de Long Live Rock and Roll. A curiosidade acerca deste show é que Blackmore estava preso (arrumou confusão com alguém importante durante um show realizado dois dias antes) e subiu ao palco com duas horas de atraso, com a mesma roupa que havia sido preso, e fez uma das suas mais ferozes apresentações!
Live in Munich 1977 (2006)
Ritchie Blackmore – guitarras
Ronnie James Dio – voz
Bob Daisley – baixo
Cozy Powell – bateria
David Stone – teclados