segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Tarja - My Winter Storm (2007)

Em 1997, o Nightwish era uma banda underground pouquíssimo conhecida, vinda da gélida Finlândia, e que praticava um metal gótico/sinfônico influenciado pelos holandeses do The Gathering e pelos noruegueses do Theatre of Tragedy. O disco de estréia, Angels Fall First (1997), já trazia a semente do que poderia se tornar uma grande banda, precisando apenas de uma produção mais caprichada. Potencial a banda tinha de sobra, principalmente a vocalista, a então "gordinha" Tarja Turunen (pronuncia-se "tária"), que fazia um vocal soprano, pouco usual para esse tipo de som, e o tecladista e mentor da banda, Tuomas Holopainen.

O primeiro disco que escutei do Nightwish foi o soberbo Oceanborn, lançado em 1998. Confesso que fiquei bastante impressionado com os arranjos e com a voz de Tarja. Daí pra frente, a banda foi incorporando a cada novo trabalho uma carga dramática ao seu som, tanto por conta dos arranjos hiper-densos de Holopainen quanto pelo vocal forte e doce de Tarja, que em pouco tempo, romperia as barreiras da grande mídia e se tornaria, junto com os norte-americanos do Evanescence, as maiores bandas do gênero do mundo. Isso aconteceu em 2004, quando lançaram o magnífico Once. A perfeição parecia ter sido atingida, Tarja e Tuomas formavam uma dupla imbatível, apesar dos rumores de crescentes desentendimentos internos.

Bem, a história parece se repetir, mudando apenas os nomes dos personagens: o vocalista abandona a banda no auge da carreira. Pois é, Tarja deixou a banda em 2005, ou melhor, foi convidada a sair, segundo uma carta divulgada por Holopainen no site oficial da banda naquele ano. A carreira solo seria natural e nos restou apenas aguardar dois anos para por as mãos, ou melhor, os ouvidos, neste My Winter Storm.

A primeira faixa, após a breve introdução Ite, Missa Est, é um recado para os seus ex-companheiros de Nightwish, I Walk Alone (Eu Caminho Sozinha) e já dá uma pista do estilo que Tarja escolheu para seguir. A música é uma espécie de balada, com refrão forte, parecida com algumas que o Nightwish já fez, mas, a segunda faixa, Lost Northern Star, deixa claro que a pista foi falsa e que o ritmo vai se manter de médio para lento, ou seja, nada de dois bumbos e velocidade, além da guitarra desempenhar um papel secundário.

Bem, daí em diante, percebe-se que, na verdade, você não está ouvindo um disco de rock, trata-se de uma ópera (no estilo Andrew Lloyd Weber) que vai adquirindo uma atmosfera densa, como em The Reign, onde Tarja arrebenta e dá um show! Como canta essa moça! Além disso, você percebe também que o rock é apenas um dos recursos possíveis, e além do mais, os principais instrumentos aqui não são guitarra, baixo e bateria, que inclusive estão baixos na mixagem, ao contrário, são violinos, cellos, violas, etc que comandam a festa. Penso que o Nightwish e o metal gótico se tornaram pequenos demais para aprisionar o talento de Tarja.

O disco conta com o fenomenal Doug Wimbish (Living Colour) no baixo e a participação especial de Kiko Loureiro nas faixas The Reign e Calling Grace. Destaque para o cover de Poison de Alice Cooper, talvez uma das músicas que mais se assemelhem ao som que o Nightwish estava fazendo, porém, com uma pitada pop bem interessante. Destaque também para a décima sexta música, a pesada Ciaran´s Well, que também se parece com Nightwish e aquela cuja guitarra está mais presente. Pra mim, uma espécie de recado de Tarja de que ela é capaz de fazer a mesma música de sua antiga banda, mas, não quer, heheheh, igual criança!
Particularmente, admiro os vocalistas que saem de suas bandas para seguir uma carreira solo por que desejam fazer algo diferente. Quando vejo que o carinha abandonou seus companheiros apenas para não dividir mais a grana, acho que isso é desonestidade para com ele mesmo. E nesse ponto, tiro o chapéu para Tarja, que seguiu seu caminho com vontade de fazer o seu próprio som e com certeza, ela vai brilhar muito, pois trata-se de uma grande estrela!

Um comentário:

Anônimo disse...

nossa, falou a voz de um fã! heheheh

muito bom o post, eu inclusive estava ouvindo o disco qndo abri o Reader e me deparei com seu post, e não resisti, vim comentar!

parabéns!