terça-feira, 6 de maio de 2008

Amorphis - Tuonela (1999)


Sempre tive profunda admiração pelas bandas que ousaram mudar completamente de estilo em algum momento da carreira. Mesmo que a mudança não me agradasse, essa atitude, no meu ponto de vista, demonstra coragem e compromisso por parte dos integrantes com a sua própria consciência. Essa estória de ser fiel aos fãs é papo de quem não tem competência para ousar, além de ter medo de não vender bem após a mudança.

É claro que essa mudança pode ser definitiva ou durar apenas um curto período de tempo. Exemplo de bandas que ousaram mudar por um disco ou dois: Kreator no disco Endorama, Metallica nos discos Load e Reload, Angra no disco Holy Land, Sepultura nos discos Chaos AD e Roots, e por aí vai, com um detalhe, nenhuma dessas mudanças, apesar de corajosas, foi extremamente radical.

O Amorphis é uma banda que mudou definitivamente, e radicalmente. Se você pegar o álbum Black Winter Day, que já foi resenhado aqui, onde a banda praticava um death/black melódico com vocais guturais e comparar com o Tuonela, perceberá a grande mudança a qual estou me referindo.

Tuonela é um trabalho denso, com climas anestesiantes e vocais em grande parte limpos (algo inédito para uma ex-banda de death!), guitarras afiadas mas com pouca distorção, teclados bem encaixados formando uma trama bastante interessante. O estilo pode ser classificado como gothic/doom, algo muito próximo com o que Paradise Lost costumava fazer na época do Draconian.

Um trabalho corajoso de uma banda que não tem medo de olhar pra frente e nem de perder fãs (e de fato devem ter perdido muitos!). Destaque para os arranjos trabalhados, utilizando timbres variados como cítaras, pianos, etc, provando que uma música pode ser muito pesada utilizando outros instrumentos além da guitarra.

P.S. 1: Tuonela é o reino dos mortos na mitologia finlandesa.

P.S.: 2: A planta da capa é um tipo de cicuta, nativa das regiões temperadas do hemisfério norte, e de cujo óleo se produz o veneno de mesmo nome, conhecido também como veneno de Sócrates.

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