Em 1993, houve um grande evento musical no Brasil, o Hollywood Rock, que contou com atrações nacionais como Engenheiros do Hawaii e Biquini Cavadão, além de grandes atrações internacionais como Alice in Chains, L7, Red Hot Chili Peppers e Nirvana, a mais esperada de todas. Tinha o costume de gravar esse tipo de evento em VHS, e por incrível que pareça, a Rede Globo fez uma cobertura razoável dos shows, mostrando alguns ao vivo, como o do Nirvana e o do Red Hot, e nos intervalos, alguns compactos de outros shows.
Revendo a fita logo depois de gravada, foi num desses compactos que vi pela primeira vez o Dr. Sin, um power-trio brazuca que cantava em inglês. As músicas deles, apesar de desconhecidas, eram muito boas, mas fiquei impressionado mesmo com o cover de Whole Lotta Rosie do Ac/Dc, principalmente com a coesão vocal-backing vocal e com o solo de guitarra, devidamente cortado pela excelentíssima emissora supracitada.
Bem, não precisa dizer que saí atrás de algum disco dessa banda, e qual não foi minha surpresa ao descobrir que eles ainda não tinham lançado nada! Foi nesse mesmo ano que Andria Busic (vocal e baixo), Ivan Busic (bateria e backing vocals) e Eduardo Ardanuy (guitarras) embarcaram com a cara e a coragem (além da experiência adquirida como músicos de apoio de artistas como Supla, Ultraje a Rigor e Wander Taffo) para os Estados Unidos para gravar o seu tão festejado debut. O resto é lenda.
Dr Sin (1993)
Se cd furasse, o meu estaria mais esburacado do que queijo suíço. Hard rock malicioso, ganchudo, com vocais agradáveis (nada de gritinhos!), refrões brilhantes e instrumental coeso, com destaque para o monumental trabalho de guitarras de Eduardo Ardanuy, que se tornou uma lenda-viva imediatamente após o lançamento desse disco. Canções para a eternidade: Emotional Catastrophe, Dirty Woman, Stone Cold Dead, The Fire Burns Cold, Howling in the Shadows, You Stole My Heart e Valley of Dreams, além do cover definitivo para Have You Ever Seen the Rain, do Creedence. Brilhante!
Brutal (1995)
Nota: 10,0 (com louvor!)
Brutal (1995)
Como o próprio nome sugere, a banda resolveu deixar de lado o hard rock festeiro do primeiro disco e investiu em generosas doses de peso e agressividade, sem perder a qualidade! Além disso, o trio apurou ainda mais sua técnica, mas, principalmente suas composições, que se tornaram mais complexas. Faixas como Silent Scream, Isolated, Down in the Trenches e Fire demonstram bem essa evolução. O sucesso alcançado por esse disco foi arrebatador, rendendo inclusive abertura de shows para Bon Jovi, AC/DC, Joe Satriani e Steve Vai, além de arrancar elogios do sueco voador Yngwie Malmsteen. O cover escolhido para esse disco foi Holy Man, do Deep Purple.
Nota: 10,0.
Insinity (1998)
Em 1998, a banda voltou aos Estados Unidos para gravar o terceiro disco, mais precisamente ao estúdio de Michael Vescera (ex-Loudness, Obsession, Malmsteen). O peso do disco anterior não se faz tão presente aqui, mas, em compensação, melodias fluíram com extrema facilidade através de todas as canções, mantendo o espírito do rock and roll. Ouçam, por exemplo, Sometimes, Revolution, No Rules (com Vescera nos vocais), Living and Learning e Zero (belíssima). Um disco mais complicado de se ouvir do que os primeiros, devido à complexidade de algumas passagens, mas, que no geral, é muito bem construído e executado. Destaque para a única música gravada em português pela banda até hoje, Futebol, Mulher & Rock and Roll, que se tornou uma espécie de hino da banda e contou com a participação especial do narrador Sílvio Luís. "Olho no lance..."
Nota: 9,5.
Nota: 7,0
Dr Sin II (2000)
Antes da pirataria tomar conta do mercado fonográfico, o Dr Sin copiou a ideia do Lobão, apresentando uma alternativa que poderia ter sido copiada por muitos artistas: lançou o seu disco de forma independente, vendido nas bancas de jornais por um preço bastante acessível. Quanto ao disco, a principal novidade é que, pela primeira vez, um quarto integrante se juntou ao power trio Andria-Ivan-Edu, e tratava-se de nada mais nada menos que mr. Michael Vescera. O resultado foi um disco bastante cru, com uma sonoridade na cara, ou seja, com os instrumentos bem altos e com um clima de gravação ao vivo. Vescera manda muito bem e juntamente com os solos de Edu, lembrou-me um pouco dos seus tempos de frontman de Yngwie Malmsteen. As composições se apresentam mais acessíveis e mais pesadas do que em Insinity. Destaque para as faixas Time After Time, Fly Away, Gates of Madness, entre outras.
Nota: 9,5.
10 Anos Ao Vivo (2003)
Para comemorar os dez anos de estrada, a banda preparou um cd/dvd ao vivo com um padrão compatível com a importância da data. Produção impecáel e o principal: todos os grandes sucessos foram incluídos, inclusive com a participação especial de alguns músicos, como Marco Sérgio (Anjos da Noite) e André Matos (ex-Shaaman), que cantou Fire do álbum Brutal e abrilhantaram ainda mais aquela noite memorável. Bem, o que dizer sobre a performance do Dr. Sin ao vivo? BRUTAL!!! MAGNÍFICA!!! BRILHANTE!!! Ao contrário de um post que li em um blog esta semana, cujo autor colocava o Dr. Sin um degrau abaixo do Sepultura e do Angra, este dvd ao vivo prova que, no momento, a banda encontra-se no mesmíssimo nível das supracitadas. O destaque desse registro é ver/ouvir Andria cantando as músicas gravadas por Michael Vescera, e perceber que, apesar de genial, o referido cantor americano é totalmente dispensável para a banda. Andria rules!!!
Nota: 10,0
Listen to the Doctors (2005)
Confesso que ainda não parei para ouvir esse disco. Para não ficar uma discografia incompleta, vou me limitar a dizer que o disco contém apenas covers de músicas que apresentam a palavra doctor no título. Assim, fazem parte do disco: Calling Dr. Love (Kiss), Doctor Doctor (UFO), Dr. Roberts (Beatles), Dr. Feelgood (Motley Crue), entre outros.
Bravo (2007)
Sete anos após o lançamento de Dr Sin II, a banda volta aos estúdios para lançar um trabalho com 16 músicas. É uma espécie de meio termo entre o Brutal e o Insinity, ou seja, tem o peso do segundo disco aliado a melodia do terceiro disco e uma produção impecável a cargo de Andria Busic. Destaques? Difícil, mas até o momento, destaco as faixas Celebration Song (homenagem ao Led Zeppelin cuja letra contém apenas nomes de músicas da referida banda inglesa), C'est la Vie, Life is Crazy, Full Throttle e Welcome to the Show. Sem nenhuma dúvida, o trabalho mais maduro da banda, que encontrou equilíbrio sem perder a pegada, está com sua carreira absolutamente sobre controle, sabe muito bem o que quer, e, justamente por isso, está pronta para ganhar o mundo!
Nota: 10,0
P.S.: O Dr Sin é um caso raro no meio artístico. Se for pra lançar um trabalho meia boca, só pra cumprir contrato, eles preferem não fazer, afinal, o que levaria uma banda composta de músicos tão talentosos e criativos a ficar sete anos sem lançar nenhum material inédito? Um absoluto compromisso com a qualidade e um enorme respeito pelos fãs!